Que lições 2020 trouxe para o cooperativismo de crédito?
Neilton Ribeiro - Na realidade o ano de 2020 está trazendo lições para toda a sociedade, em todos os níveis, em todos os segmentos e em diversas formas. Recentemente, disse em um artigo que um dos reflexos mais intensos surgidos no cooperativismo, em meio à pandemia pela Covid-19, pelo menos a partir de março deste ano, é a certeza de que o movimento, que agrega pessoas e valores humanos, efetivamente é a forma mais justa de se viver em sociedade, sob os mais diferentes parâmetros de seu cotidiano. As pessoas puderam e estão podendo contar com as cooperativas de crédito, quanto a produtos e serviços, sem burocracia, de modo prático e amplo. Sendo assim, acreditamos no aumento de nossa responsabilidade quanto ao reforço desses valores e de ampliação do trabalho até aqui executado.
Carlos Soares - Acredito que 2020 reforçou a importância que as cooperativas de crédito têm em todas as crises. Não só nessa agora, mas se observarmos o contexto histório, nas crises de 2008, da década de 80 e todas as crises mundiais, o cooperativismo de crédito sempre exerceu um papel muito diferente das instituições tradicionais. Nós, na contramão do que muito acontece no mercado, estamos concedendo crédito porque entendemos a importância de, nesse momento, cooperar e de assegurar o apoio necessário aos nossos associados.
Qual é a importância do Rio de Janeiro para o cooperativismo de crédito?
Neilton Ribeiro - Gradativamente vemos crescer no Estado do Rio de Janeiro o movimento cooperativista. Ainda não está no patamar que desejamos, não obstante os esforços empreendidos para levar à comunidade uma nova e mais humana maneira de se operar no mercado financeiro. Mas acreditamos que se trata de uma questão de tempo para alcançarmos um lugar ainda mais alto no topo dessa pirâmide de contato e atendimento ao público. O Rio de Janeiro sofre, como os demais estados, alguns reflexos não tão positivos em relação à economia nacional e mesmo internacional, mas o futuro é promissor – basta citarmos a implantação do Porto do Açu e termelétricas e o incremento da produção de gás em nossa região. Tudo isso, obviamente, vai ajudar a alavancar as cooperativas de crédito.
Carlos Soares - O Rio de Janeiro sendo uma vitrine de vários assuntos em nível nacional, se torna ainda mais importante nesse contexto. O estado antes da pandemia já estava em dificuldade econômica e mesmo diante deste cenário, conseguimos exercer o papel do agente financeiro para dar fôlego na continuidade de diversos empreendimentos.
Qual é a missão do Sicoob hoje no estado no momento e pós-pandemia?
Neilton Ribeiro - A nossa missão sempre foi a de oferecer ao público uma alternativa mais justa e humana, calcada em valores como união e partilha, para se lidar com a economia. Enfatizo que nossa responsabilidade aumenta agora, e no período pós-pandemia já estaremos prontos para o que vem sendo chamado de novo normal, dentro das regras sociais e de orientação dos órgãos de saúde. Estudos já divulgados demonstram que o cooperativismo de crédito aumenta o PIB per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número local de estabelecimentos comerciais em mais de 15%. Além disso, as cooperativas de crédito têm maior capacidade de abertura de agências em municípios menores, com menos habitantes, do que os bancos tradicionais, democratizando o acesso a serviços e produtos bancários e crédito. Estamos aqui para apoiar e caminhar juntos com a sociedade, sempre atualizando técnica e operacionalmente nossa atuação.
Carlos Soares - Através de diversas parcerias, especialmente com o Sebrae-RJ, está sendo possível oferecer consultorias para os empresários se adpatarem ao novo normal. Não é somente disponibilizar crédito, é levar de forma consciente e adequada. Por isso, esse trabalho de orientação é tão importante nesse momento.
Como os projetos do Instituto atuam nessa missão?
Neilton Ribeiro - O Instituto Sicoob tem sido um grande parceiro. Aliás, o Sicoob Fluminense tem estado na linha de frente em relação aos projetos desenvolvidos pela instituição, que vão da divulgação das ações do cooperativismo à capacitação profissional, passando pelo apoio a instituições diversas. Podemos ver isso no desenvolvimento do abrangente Dia C, no edital de seleção de unidades parceiras da cooperativa que possam desenvolver projetos de responsabilidade social abrigados por apoios legais de incentivo e pelos mais recentes cursos online. Este ano, o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, nesta terceira quinta-feira de outubro, dia 15, tem como tema ‘Inspirando esperança para uma comunidade global’. Acreditamos que isso pode resumir o sentimento mútuo entre o Sicoob Fluminense e o Instituto Sicoob - um trabalho para um mundo melhor, integrado, sempre com muita esperança.
Carlos Soares - O principal eixo de atuação do Instituto é a educação financeira, que é um dos pontos essenciais para a superação de crises econômicas. Diversas pessoas estão perdendo renda e enfrentando dificuldades financeiras. O Instituto, com o objetivo de alcançar cada vez mais essas pessoas, passou a disponibilizar de forma virtual cursos e clínicas financeiras. Com esse recurso, conseguimos ampliar a nossa capacidade de atendimento e impactar um número bem maior de pessoas.